terça-feira, janeiro 31, 2006

O sussurro

Um dia perguntei ao meu pai: "Ajuda-me...Achas que devo contar-lhe que gosto dela e que a adoro como ninguém, mesmo correndo o risco dela nunca mais querer olhar para a minha cara...ou escondo o que sinto até nunca mais a ver?!"
Com a serenidade e certeza de quem está bem com a vida, colocou a mão no meu ombro e sussurrou-me ao ouvido: "Não há mulheres bonitas nem feias. Há apenas a mulher que amamos e que é perfeita, sempre."
E eu num flash vi a minha vida passar-me entre os dedos.
Ainda ontem fomos tomar café juntos.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Além do Tejo

O som do vento, a porta aberta para quem queira entrar, o sabor distinto da comida, o cheiro da terra, o pão e o queijo, a hospitalidade, o frio gélido que purifica a alma, o bafo quente da lenha que arde, a festa do golo, a euforia de um abraço, o não nos importarmos com a altura das nossas gargalhadas, as cores da lareira, as emoções que se descobrem, os silêncios onde tudo se diz e nada fica por dizer, os piscares de olho cúmplices, ver-te e ter-te a meu lado por um breve mas infinito segundo, abraçar a minha vida, partir num carro sem rumo, o acordar em silêncio total, o imenso vazio da tua presença que me sufoca, as descobertas ao virar da esquina, o lençol branco que tudo cobre, o voltar a ser putos, rir de prazer, experimentar juntos um vendaval de sensações que só tinham sentido se fossem partilhadas, alma reconfortada e desejo de voltar.
Alentejo...muitas vezes havemos de repetir!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

A dúvida permanece

Não me tocas. Sofro a distância que nos separa. Não julgo sequer ser-me permitido agarrar-te a mão. Pouco a pouco privas-me de mim. Um outro país vence-me, uma outra língua, um ser distante. Já não sei quase nada.
Não parece haver falha na tua personagem, fissura por onde se entre. Ao ouvir-te a tua vida era vasta e densa. No entanto, por vezes, parecia-me que pelo menos uma parte de ti tinha ficado pelo caminho, morta algures ou pelo menos perdida. És receosa dos sentimentos, repetes as mesmas frases...Procuro-te por detrás da tua ausência.
Por isso digo “O que detesto em ti é julgares que não gosto de ti “.
E tu respondes “Nunca me hás de conhecer, nunca saberás quem sou“... dizias quando ainda não sabia quem eras.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Cromos da bola - parte III

Avançados
  • Caetano (o avançado de 1.55m especialista em golos de cabeça, com o seu fiel compincha Marcelo aterrorizou cortinas defensivas com 2, 3 ou mesmo 4 centrais como quem rouba fraldas a recém-nascidos)
  • Dreyffus (antigo chefe de gang nas favelas de Ciriúma, trouxe o perfume brasileiro espalhado nas suas tranças)
  • Marcelo (o engenheiro civil que punha a cabeça onde outros não tinham coragem de pôr o pé, foi o delfim do Pantera Negra no Glorioso)
  • Chiquinho Carioca (um prodígio de técnica, ao nível de Krpan, o rapaz tinha ganas de fazer as redes balançar)
  • Jarbas (carteiro nos Correios, entregava as encomendas nas redes adversárias)
  • Dino (estava ao nivel de uma vírgula de Ronaldo, de um cabrito de Pelé, de um 360º de Zidane, das fintas de corpo de Figo)
  • Febras (quando era convocado escusava de se chamar o cozinheiro, no assador era rei)
  • Pitico (o abono de família do Algarve, dono de um calcanhar mais famoso que o Aquiles)
  • Bambo (o perna de pau de Benguela tinha um poder de concretização proporcional ao fair-play de Simeone e Ayala)
  • Chiquinho Carlos (o jagunço do Minho, matador mortífero)
  • Forbs (adoptado por uma família de chitas guineense, desenvolveu a técnica “meter a bola prá frente e correr até chegar à linha de fundo”...ainda hoje com 105kg e uma hérnia discal bate uma Famel Zundapp do tunning ao sprint)
  • Karoglan (o pichichi dos Balcãs, qual pistoleiro indomável, sedento de sangue fresco ou do escalpe do pobre guardião adversário)
  • Rudi (espalhava o terror pelos 4 cantos do balneário flaviense... no relvado um golo apenas marcou durante toda a carreira...mas que golaço foi!!!...valeu a pena esperar)
  • Saavedra (seu nome verdadeiro era Josué Maria de Azevedo!Este nome está para Saavedra como Edson Arantes de Nascimento para o Príncipe Pelé)
  • N’Tsunda (prodigioso na arte da ilusão, este Houdini era veloz como uma gazua)
  • Ricky (técnica de Dominguez num corpo de Ouattara, quilos a mais num talento por limar)
  • Marlon Brandão (brinca na areia, imitava frequentemente no balneário Roberto Carlos a cantar “o Calhambeque”)
  • Mangonga (autêntico "Action Man Mergulhador", denominado de Lucky Luke dos relvados lusitanos pois era mais rápido que a própria sombra)
  • Tueba (contratado ao multi-campeão Kinshasa Bwalya F.C. fazia terror no corredor direito dos galos de Barcelos)
  • Spassov (o chamado Bigode D’Ouro, comparado a Chalana nos seus tempos áureos de penugem labial...tratava o couro da bola por “vocemessê” tal o requinte que colocava nas suas jogadas magistriais)
  • Toni (de promessa eterna a desilusão certa, este outrora raçudo jogador deixou-se entregar às sortes de químicos abundantes no Casal Ventoso)
  • Mihtarsky (dêem-lhe bolas em profundidade durante 3 jogadas seguidas e o seu passo seguinte será pedir uma garrafa de oxigénio durante as próximas 24horas)
  • Jussié (baleado no tornozelo num derby Bragantino - Juventude de Caxias, sobreviveu com múltiplas cicatrizes, vencendo no futebol lusitano com base na famosa jinga de corpo)
  • Serifo (Poderia ter sido picheleiro, poderia ter sido trolha, poderia ter sido segurança de discoteca... mas nasceu para jogar à bola. E bem.Pelo menos algumas vezes)
  • Paulinho César (o alienígena das Antas, o último dos moicanos, responsável por 0,002% dos golos dos dragões na ida temporada de 92/93)
  • César Brito (antiga arma secreta de Erikson, tornou-se pastor e produtor afamado de queijos da serra)
  • Vata (o homem que marcou mais golos com a mão do que com ambos os pés; firmou o seu reino de terror sobre as planícies lusitanas durante uma época de maldade e terror)
  • Bouderbala (o Ali Babá do estádio da Amoreira, aquecia tocando flauta para a sua cobra amestrada)
  • Yekini (qual manada de búfalos em fúria, fazia tremer o chão com a sua passada pujante e furava as balizas com o seu remate ninja)
  • Makukula (goleador com requinte e magia africana nos pés, o seu filho Ariza continua a fazer perdurar a lenda zairense)

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Cromos da bola - parte II


Médios
  • Camberra (passou ao lado de uma grande carreira como estivador no porto de Leixões)
  • Cao (um dínamo do meio-campo, um trinco moderno que com uma carícia apenas destruía tornozelo e esterno)
  • Edil (top model nas horas vagas nas passerelles do casino de Espinho, deslumbrava com o seu ar de empregado de Rodízio Brasileiro)
  • Pingo (a subtileza do seu jogo era comparável a um elefante numa loja de porcelanas)
  • Kimmel (o panzer químico cuja máxima era “nada se ganha, nada se perde, tudo se destrói”)
  • Adbel-Ghany (se não fosse a sua capacidade de distribuir passes açucarados com a regularidade com que o cotovelo do Luisão fulmina sonhos de carreira e o Egipto não tinha sido a potência mundial que foi)
  • Bozinovsky (australiano, aprendeu com busquimanes e cangurus os segredos da bola)
  • Jorge Silvério (o Deco de Amarante levava toda uma squadra às costas por conta do seu cabelo à tigela e da sua única sobrancelha farta e espigada que intimidava tudo e todos)
  • Cacioli (o careca luzidia brilhava com o seu futebol insinuante)
  • Mito (recordista mundial de consumo de cerveja na Latada, ainda hoje o seu mito permanece vivo no Municipal de Coimbra; Mito não era apenas mais um, Mito era único, mais ágil que um tornozelo de Tahar El Khalej e mais letal que o cotovelo de McCarthy)
  • Barnjak (da sua cabeleira à Mick Jagger nos anos 70 nasceu a expressão “sexy football” em bósnio)
  • Luis Manuel (temível nas bolas paradas, traficante de armas em part-time)
  • Basaúla (conhecido no mundo do futebol como cometa Haley dada a sua capacidade de mostrar-se em jogo de 76 em 76 anos)
  • N’Dinga (guerreiro zulu, dilacerava carreiras recorrendo ao seu joelho de titânio à prova de bala)
  • Tavares (lá para os lados da avenida da Boavista uma camisola 10, tamanho XL, assentava que nem uma luva no seu tronco delgado)
  • Bóbó (era vida, era alegria, era o sol do meio dia, era o juiz e o jurado, era inocente e culpado, era sagaz e capaz! Em suma, um jogador duro ao nível de Steven Seagal, pitons de aço nuns pés de cristal, seu nome perdura nos corações dos amantes da bola)
  • Vinha (gigante polivalente, homem imprescindível para qualquer velha raposa do futebol pelo seu virtuosismo técnico , o seu estilo de gafanhoto com os seus canivetes pronunciados marcou uma era no Vidal Pinheiro; Vinha era Vinha e mais não se lhe pede)
  • Rui França (lutou, trabalhou e assumiu-se como um centro-campista de excelência de baixo rendimento)
  • Sessay (vindo da Costa do Marfim, passou ao lado de uma grande carreira como peixeiro no mercado do Bonfim, tendo-se tornado curandeiro em Vilar de Perdizes)
  • Kiki (poeta guineense até aos 13 anos, auto-definiu-se: “Deslizo elegantemente no meio-campo defensivo, o cartão amarelo fora do bolso sempre comigo”)
  • Semedo (injustamente criticado como sendo um falso-lento, fazia uso da sua técnica pouco ortodoxa em corrida para confundir os adversários; comeu o pão que Bandeirinha amassou e cheirou o perfume que Jaime Magalhães espalhou mas triunfou no Unidos da Ribeira F.C. aos 45 anos)
  • André (sua careca e seu fiel compadre de armas Frasco desfizeram carreiras promissoras a pó...responsável pela moda de fazer dos calções autênticas cuecas "Abanderado")
  • Taira (parecia ter qualquer coisa na manga para mostrar, mas afinal era apenas uma nódoa de caldeirada e restos de pastéis de Belém)
  • Chikabala (transbordava talento...era inspiração...era repentismo, infelizmente desapareceu tragicamente para o futebol no campeonato das Ilhas Faroé)
  • Sérgio Lavos (a caspa crónica minou a carreira deste excelso jogador, cujo hobbie era beber poncha, tantos os meses passados na enfermaria do mítico estádio dos Barreiros)
  • Agatão (o homem da farta e esplendorosa bigodaça ibérica)
  • Quitó (driblador temível, sentiu na pele o seu dom ao trocar os olhos quando praticava a sua finta “agarra ladrão”)
  • Pedro Miguel (pé esquerdo lendário, também conhecido pelo abre-latas de Rio Maior)
  • Fua (ostentava a sua farta e ondulatória cabeleira pelas margens do Lis)

terça-feira, janeiro 24, 2006

Cromos da bola - parte I

Dada a experiência acumulada ao longo de várias épocas em jogos como Championship Manager,Elifoot ou mesmo Subutteo (magnífica escola para quem quer vingar no mundo da bola...), permitam-me pôr à vossa disposição algumas considerações. Após ter sido olheiro em grandes equipas como Fanhões Sport Clube, Zamalek F.C. ou o terrível Caçadores das Taipas S.A.D., penso ter estatura moral para dar algumas dicas em relação aos galácticos dos anos 90 que por uma razão ou outra passaram ao lado de uma grande carreira. De seguida apresentam-se características destes homens envolvidos numa aura de misticismo, cuja técnica individual permanece inatingível ao mais comum dos mortais.
Guarda-redes
  • Best (barreiras bem orientadas, bigode cuidadosamente penteado, voos bem calculados a desafiar a lei da gravidade...tudo isto era Best)
  • Ewerthon (fã de Chuck Norris, felino entre os postes, ao bom estilo de um ranger do Funchal)

Defesas

  • Paredão (central de trato fino de rótulas e tornozelos adversários, perdia a sua eficácia a partir do momento que tinha o esférico em seu poder dadas as suas limitações técnicas)
  • Baltemar Brito (distinguia-se pela sua bigodaça à Kananga do Japão)
  • Piguita (denominado de xerife na área de rigor)
  • Alfaia (dele se disse ser o “assassino de Leça da Palmeira”, palavras que encheriam de orgulho qualquer um...mas Alfaia continuou a porfiar e a coleccionar rótulas e tendões de Aquiles)
  • Isaías (o Lionel Ritchie dos relvados)
  • Dinis (com ar rústico, era um tipo meigo e gentil, rezam as crónicas dos mais afoitos que uma vez conseguiu arrumar cinco Fiat 600 em apenas um lugar de estacionamento)
  • Ben-Hur (herói mítico, a canela nunca descura, nela trabalhando com doce candura)
  • Lula (um senhor do corte em carrinho, fez escola em Famalicão com seu bigode típico de emigrante no Luxemburgo )
  • Paixão (trabalhava nas salinas e jogava ao fim de semana)
  • Taoufik (rapazola de boas famílias, ex-candidato a Marajá da Tunísia)
  • Nelo (o homem das bolas paradas e do rei Artur Jorge, quando sacava do pente e se penteava tornava-se letal)
  • Nogueira (com os seus 2 metros e 12 centrímetros o gigante da Rebordosa arrasou várias carreiras de imberbes diletantes da bola)
  • Djoincevic (saído dum filme do Kusturica, é irmão gémeo de Vlad Divac, poste dos L.A. Lakers; a cabeçada à Cais do Sodré era a sua grande especialidade)
  • Figueiredo (antiga estrela da famosa equipa de infantis A do Vit.Setúbal, ofuscando nomes como Tobias Chinelo ou a promessa nunca concretizada do futebol sadino, Zé Carapau)
  • Tanta (Jorge Valdano dedicou-lhe um poema: “Carreiras acabam, assobio para o lado.Corro feliz no relvado, tal veado num prado”)
  • Nito (olho direito bem aberto como quem aguarda um ataque massivo a qualquer momento; olho esquerdo semicerrado dizendo ao oponente que é uma raposa velha; um leve esgar, quase sorriso, como que destemidamente desafiando o adversário a enfrentá-lo...Nito era o esplendor na relva, o cromo mais requisitado da Panini)
  • Montalegre (tinha nome de aldeia portuguesa, cabelo como se viesse do Sri Lanka e era duro que nem um penedo)
  • Heitor (o seu pontapé fulminante foi a inspiração do desenho animado Tsubasa)
  • Matias (da sua escola ao bom estilo kamikaze nasceram jogadores pachorrentos como Ayala ou Materazzi)
  • Milton Mendes (conseguia transformar um lançamento lateral junto à sua grande área num lance de perigo para o adversário, cobrando pontapés de baliza ganhava penalties)
  • Chico Oliveira (discípulo de Spassov, ex-membro SWAT, batia em tudo o que mexia)
  • Sérgio Cruz (este autêntico profissional na escola da sarrafada fez furor e causou ardor por onde passou)
  • Marinho (famoso pela frase “Precisei de quinze anos até descobrir que não tinha talento para jogar à bola. Mas já não pude parar: tinha assinado pelo Sporting)
  • Bandeirinha (poucos jovens tinham a coragem de desafiar o carismático carregador de piano numa marcação homem a homem)
  • King (o famoso “Coice de Mula” que dava sinais de vida de 7 em 7 temporadas)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O que tem de ser tem muita força...

E eis que saído da bruma ele apareceu. Não, não era D.Sebastião. Não, não era o Superhomem ou sequer um ex-primeiro ministro arrogante, com ar de esfinge e cujo discurso se esgota em micro e macro economia...Ele era "O Professor"!

Só não percebi porque é que houve eleições se já se sabia há meses que o sr. Aníbal ia ganhar com uma perna às costas...ainda deu para suar um bocado mas no fim lá demos uma alegria ao Luis Delgado que tão triste andava. Como é bom ter um parolo como Presidente da República...

Agora o que há a fazer é vender o país a Américo Amorim, António Carrapatoso, António Borges, Diogo Vaz Guedes, João Pereira Coutinho, José Roquette, Belmiro Azevedo e outros que tal. De certeza que isto melhorava e a competitividade apareceria em grande força. O país passar-se-ia a chamar Cavaquistão, a capital seria Boliqueime e as principais exportações passavam a ser bolo-rei e laranjas do Algarve. A ver vamos se as encenações teatrais da campanha são para manter ou se a pose presidencial à Pinochet vai fazer furor nos próximos cinco (ou dez???) anos...

Assim o Alegre já pode voltar aos seus poemas e gozar a reforma dourada que o aparelho partidário que ele tanto critica permitiu que amealhasse nos últimos 30 anos. Soares é fixe e o resto que se lixe! Deixem lá o velhote ir para casa dormir as sonecas dele e curtir os bisnetos e tetranetos. Não percebi foi o ódio que se gerou em torno do Marocas, mas este é o risco que os homens com coluna vertebral correm...Jerónimo continua a dar goleadas ao Carvalhas, com a sua simpatia a ser proporcional à espuma que se acumula no canto da boca quando os discursos excedem os 3 minutos. Para a história fica mais um bom resultado dos comunistas e o ponto forte da campanha foi dele com o empolgante comício no Pavilhão do Atlântico. Louçã lá conseguiu os 5% e pagar a campanha sem ser do bolso dele senão lá tinha de hipotecar a casa na Graça e a vivenda na Aroeira. Quanto ao Garcia Pereira ainda teve 23650 pessoas a votar nele...ou o tipo tem uma grande família ou a malta lhe achou piada ao cachecol vermelho ou há muita gente pitosga neste país!

É de mim ou ontem o Marques Mendes parecia ter 1.90m?Ah pavão inchado!!!Os abutres andam a pairar por aí...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Caprichos

'Há algum tempo que ecoa na minha cabeça uma enorme questão existencial: porque razão nuestros hermanos desconhecem o conceito colher de café?
É bem verdade que gostam de enriquecer o café juntando-lhe leite, mas se o servem em chávenas mais pequenas que as nossas "meias de leite", porque razão insistem em que utilizemos uma colher de sobremesa que não cabe sequer na chávena? Caprichos.'
(in Berra Boi)

quinta-feira, janeiro 19, 2006

O Poeta, Marinho, DJ Lisnave, El Presidente

O Enxovalhado antecipa desde já o último dia de campanha dos candidatos a Belém.

Cavaco Silva vai beber café (acompanhado de uma grossa fatia de bolo rei) ao Centro Cultural de Belém, acompanhado pelo tesoureiro do Clube Recreativo Dominó de Boliqueime e por produtores de laranja algarvia. Contactado pelo Enxovalhado sobre se aquele seria um dia importante disse "Não posso falar, ainda não li os dossiers e não quero ser precipitado.Tenho demasiado respeito pelos portugueses e pela nação." e, dançando o vira ao som de Kátia Guerreiro, prossegue o fado da sua campanha.

Mário Soares irá encontrar-se para tomar chá no Museu de História Natural com o presidente da Liga Portuguesa contra a doença de Alzheimer. Após passar na sua primeira casa, o Mosteiro dos Jerónimos, Soares está pronto para a sesta da tarde de 2 horas que se prolonga até à hora do jantar. À noite no comício na Fundação Soares arrebata a audiência ao dizer que se sente preparado para cumprir mais 2 mandatos "se preciso for, ou seja, se o país precisar de mim". Maria Barroso sobe a um escadote e dá-lhe um beijo na face e um copo de água para tomar os comprimidos da noite.

Manuel Alegre estará presente no Porto no café Majestic para beber um whisky com o presidente da Sociedade Portuguesa de Autores e poetas populares do pós-25 de Abril, onde irá fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar, Vietname e Guerra dos 100 anos e promover o seu último livro.

Jerónimo de Sousa participará num mega comício em Borba, onde a mobilização dos lares de 3a idade do Redondo e dos delegados sindicais da indústria do tapete de Arraiolos e de louça do Alandroal fornecem uma casa composta na tasca do Ti Manel, enlouquecida pelo discurso agressivo do camarada acompanhado por chuva de perdigotos e cuspo a lembrar o período da chuva nos países asiáticos. A inovadora banda sonora está a cargo de Zeca Afonso e artistas new-age soviéticos.

Francisco Louçã irá fumar um charro ao Bairro Alto, na companhia do Secretário Geral da Associação Amizade Portugal-Albânia, de 30 elementos do movimento "Okupa" e de um grupo selecto de arrumadores de carros da capital.

Garcia Pereira prepara-se para ir comprar castanhas ao Rossio, onde provavelmente será visto na companhia da sua sombra e de várias pessoas que irão parar para lhe perguntar que horas são.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Xutos e pontapés (na imprensa...)


Extractos da entrevista de Quim ao "Diário do Minho"...
"Koeman só gosta dos brasileiros...Lisboa está 20 anos atrasada em relação a Mondim de Basto...O Benfica nem me ajudou a procurar vivenda à beira mar...A Liga Portuguesa é inferior ao campeonato distrital de Braga...O Moreira vive com o Rodolfo Moura...O Moretto é primo afastado do José Veiga..."

Ao fim ao cabo aconteceu aquilo que ouvi no outro dia um homem dizer no café.
Dizia ele "Aquilo que aconteceu com a chegada do Moretto com o Quim a ir para o banco é o mesmo que me aconteceu aqui há tempos. A minha mulher convidou o amante para dormir lá em casa e eu é que fiquei a dormir na sala".

terça-feira, janeiro 17, 2006

Momentos de prazer

Apeteceu-me acordar e tirar uma hora só para mim, ficar a escutar o som dos poetas dos dias de hoje e deixar-me arrastar pela mágica fronteira que a todos nos une. Porque a música é o território infinito de sons e silêncios. Às vezes é um deserto que nos queima, outras vezes é um rio selvagem que corre veloz pelas margens das nossas mãos e ouvidos.

Para afugentar a rabujice matinal o Enxovalhado escolheu algumas:

  • Caetano Veloso – Sozinho
  • Chris Isaak – Wicked Game
  • Collective Soul – December
  • Counting Crows – Chelsea
  • Extreme – More than words
  • Foo Fighters – Walking after you
  • Joe Cocker – You are so beautiful
  • John Legend – Ordinary people
  • Lifehouse – Storm
  • Luis Represas – El breve espacio en que no está
  • Louis Armstrong – When I fall in love
  • Queen – Love of my life
  • Sara Tavares – Eu sei
  • The Verve Pipe – The freshman
  • Trovante - Sorriso
  • U2 – One

E eis que entretanto se acabou a hora de sossego e cumplicidade...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Para ti.Fora de mim.

Virei a página e vi o teu erro. Era a tua forma subtil de inventar aquilo que já estava inventado. A tua hostilidade de não dizer a correcta forma das coisas. “As ocasiões fazem-se de coincidências” dizias tu numa voz agressiva, pois contradigo-te.
Digo-te que jamais serias uma ocasião na minha vida. Entraste nela sem eu dar por isso, foi maravilhoso. Tu, uma coincidência? Não. Digamos um rascunho feito numa noite de trovoada perante o sol que se escondia. Foste o sol e a chuva na minha vida. Ardi em desejo de te tocar, mas por mais que me aproximasse queimava-me, eras quente demais...Tentei falar contigo e enrolar-te em palavras, eras fria demais...
Aí reparei que a tua vida foi marcada pela dor de não saber onde dói. Reparei que só estás bem onde não estás e que só queres ir onde não vais. Achas que me ralo?
Por ti tentei mudar, ser aquilo que não era, fugir à pessoa que sou. Para quê? No fundo a vida é cheia de coincidências certo? Ou será que não queres reconhecer a verdade da mentira?

domingo, janeiro 15, 2006

Canela e açúcar

Quentinhos, acabados de sair do tabuleiro são uma maravilha. A nata e o folhado em plena comunhão, é daquelas coisas que até nos dá prazer em ser português.

E a primeira vez?! Confesso… eram de perder a cabeça, tal como me tinham dito. As suas curvas eram tal como esperava, pronunciadas e insinuantes.Gosto deles. Gosto mesmo muito deles!

Quantos encontros e bons momentos nos proporcionaria o futuro?Escolhi o que me parecia mais especial. Admirei-o. Tomei-o nas minhas mãos. Senti-lhe o cheiro. Como o desejei nessa hora! Toquei-lhe ao de leve com os lábios, para depois mais afoito, lhe sentir o gosto e a textura tão particular. É uma paixão com sinal de fidelidade. Haja canela e açúcar!

Ontem comi só um mas um destes fins de semana vingo-me e trago para casa uma caixa com meia dúzia! Porque as coisas boas só o são realmente quando repartidas.

sábado, janeiro 14, 2006

Razões para uma baixa natalidade



O meu curso tem seis gajas...
Cinco têm bigode...a outra é fufa...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Amar é...

pedir para te darem um beijo sem te dizerem que é meu...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Farto de meninos mimados


O Enxovalhado descobriu em primeira mão...ao fim de 9 épocas de namoro intenso, Beto assinou finalmente pelos blancos da capital espanhola.

É o fim dos autogolos em Alvalade, das agressões a companheiros nos treinos, das passadeiras vermelhas estendidas aos avançados das equipas adversárias e dos insultos gratuitos a tudo o que é árbitro e fiscal de linha.

Dizia ele no outro dia "sempre tive o desejo de jogar no Sporting para evoluir e ser campeão”.Era o que mais faltava! Não evoluiu quando era tempo disso, por isso continua a ser uma grande promessa aos 29 anos com contrato bem gordo por sinal...

Conclusão do Enxovalhado...quem não tem cabeça não serve para central.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Lembras-me o Ronaldinho Gaúcho


Não menosprezes a masturbação...é fazer sexo com a pessoa que mais amas...

terça-feira, janeiro 10, 2006

O sucesso faz-se de pormenores...


É como que ver um drible saído dos pés do Vidigal...o Miguel Garcia a capitão do Sporting...o Chalana sem bigode...o José Veiga a passear na praia sem guarda-costas...o João Pinto sem levar cartões uma época inteira...o Pedro Barbosa a bater o Obikwelu ao sprint...o Abel Xavier sem aquele ar de Chewbacca dinamarquês...o Valentim Loureiro sem dar calduços ao filho...o Jorge Costa convidar o Octávio Machado para almoçar...o grande Mourinho rir-se...o Sérgio Conceição a fazer dieta e manter-se nos 110kg...o Pinto da Costa prescindir de dançarinas exóticas...o Mantorras a correr com as próteses sem coxear...o Ricardo sem dar frangalhadas...o Nuno Gomes sem se pentear 17 vezes num jogo...o Vitória de Setúbal pagar salários...o Cristiano Ronaldo sem saltos altos nas botas...o Figo sem pêlos nas costas...o Simão com penteados decentes...o Pierluigi Collina com risca ao meio...o Rui Barros ganhar uma bola de cabeça ao Mozer...árbitros portugueses sem passar férias no Brasil em boa companhia...o Trapattoni jogar com 3 avançados...o Quaresma sem vender t-shirts da Armani na feira de Carcavelos ao fim de semana...

...alguma coisa não bate certo...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Amizade

De um amigo espero que não me entenda mal. Todos me podem entender mal, menos um amigo. Se um amigo me entende mal, acabou.
A amizade tem horror ao sofrimento. Quando pode evita-o. Os amigos aproximam-se para estarem bem juntos. Se não se entendem tendem a afastar-se... Porque pode-se apaixonar por qualquer pessoa sem se ser correspondido, mas nem por isso se deixa de estar apaixonado. A paixão nasce sem reciprocidade. Já a amizade exige sempre qualquer tipo de reciprocidade.

Ao menos ainda vamos a a tempo disso?!

domingo, janeiro 08, 2006

Solidão em dias de Inverno


O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então sim, despertou completamente. Um prenúncio de tragédia desceu pelo seu corpo abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só por acaso ou acidente. Aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua separação (o primeiro de quantos dias ?), em que acordaria sempre sozinho com metade da cama fria, metade do ar por respirar.

Levantou-se e recomeçou a vida de início que é como sempre se faz...como sempre fez todas as outras vezes...