sexta-feira, agosto 31, 2007

Sorriso

Tenho um sorriso fechado
Na palma da minha mão
Sorriso que foi achado
Caído no meio do chão

À tua espera na praia
Fiquei pela tarde fora
No alto daquele rochedo
Onde um minuto é uma hora

E não vi o teu sorriso
Surgir da areia ou do mar
Nem eu tive um porto de abrigo
Nem tu foste um barco a chegar

Se me disseres que morreste
Não acredito! Não posso...
Andavas sempre comigo
O teu sorriso era o nosso

Hoje guardo o teu sorriso
Fechado na minha mão
A contrastar com o siso
Que trago no coração

quinta-feira, agosto 30, 2007

Como sabe bem

Entrar pela madrugada dentro com uma conversa inteligente, com alguém que nos compreende, com quem é possível conversar e não apenas falar cada um à vez, despejando meras palavras que não merecem senão a nossa exclusiva atenção. As noites assim passam rápido mas prometem regressar para mais uns dedos de conversa.
Afinal ainda há surpresas boas.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Descansa em paz

terça-feira, agosto 28, 2007

Quando um homem nos rouba a mulher...

...não há melhor vingança do que deixá-lo ficar com ela. (Ah grande avô Eduardo!quem fala assim não é gago!)

quarta-feira, agosto 22, 2007

Manual do mulherengo

Pode ser-se mulherengo e boa pessoa ao mesmo tempo? Infelizmente não.
É escusado tentar ser-se mulherengo se não se for capaz de ser mau para quem se ama ou, o que é mais frequente, para quem se devia amar. Convém ainda referir que a maldade necessária vai muito além da mentira e do egoísmo e entra no domínio da hipocrisia.

O mulherengo não se limita a fazer mal às amadas, ele exige também ao mesmíssimo tempo, arrepender-se e orgulhar-se. Quer dizer, tem pena delas mas ri-se. E depois tem pena de se rir. E ri-se de ter pena. O que leva à conclusão que só o mulherengo sabe que é inteiramente mau. Contudo, querer mas sobretudo parecer bom é metade do caminho andado. Esta maldade tem de ser dissimulada, caso contrário a capa não serve o propósito do mulherengo. Já o seu aprendiz, ao reconhecer-se malvado, oferece às amadas um valioso alívio, que é o o dar a saber com o que contam. Todos os mulherengos devem evitar a honestidade a todo o custo, sob pena de deixarem de ser quem são.

Só com inteira maldade se pode perpetuar a estratégia básica do mulherengo: o "toca e foge". Porque a dúvida e a insegurança são as suas melhores amigas. Isto é, quanto maior a insegurança, maior a vulnerabilidade e permeabilidade das amadas. Ora, o mulherengo cria e alimenta a dúvida porque a dúvida nas mulheres é invulgarmente criativa. Tudo isto porque enquanto elas especulam e não compreendem e se batem com as contradições e dilemas que ele vai causando, não só estão entretidas como não conseguem pensar direito. A dúvida é portanto a capa que protege a identidade e actividade do mulherengo.

No fundo as mulheres odeiam a insegurança, mas a segurança aborrece-as. Enquanto há insegurança há romance. Os piores medos e os mais bonitos sonhos parecem-se no que têm de essencial: a grandeza, o arrebatamento, a sensação de não se controlar o que se passa. Mas atenção, as mulheres não respeitam o mistério, é uma qualidade feminina. Que graça tem não saber? Qual o encanto da ignorância? A dúvida sim, é muito mais rica. Pensar que se sabe mas não se pode ter a certeza...e ter de continuar a pensar. Pensar é preferível a saber.

Em conclusão, neste desenfreado fomento da insegurança o mulherengo apenas quer garantir que só ele é procurado e ouvido para esclarecer as dúvidas que ele próprio instalou. Comover é tudo: quem foge, tem de tocar. Quem toca, tem de fugir. Até para poder voltar outra vez. Em caso de dúvida, pois claro!

terça-feira, agosto 21, 2007

Modernices

Eu e o meu telemóvel temos uma relação de amor/ódio, com predominância clara do segundo. Mas há que estimá-lo porque com o mundo transformado em aldeia global um tipo sem telemóvel faz tanto sentido como o Casino de Lisboa sem chineses.
O telemóvel faz mais parte de mim que muitas das minhas próprias coisas. Por exemplo, nunca vejo as minhas costas mas levo com o Motorola todos os dias, quer queira quer não. Ora é trabalho, ora família, vida conjugal, gente a quem demos o número às 4 da manhã após uns copos a mais...E os nervos quando naqueles poucos dias em que ninguém diz nada e se espera por alguém que se lembre de nós e de repente...lá vem o som da mensagem e é ela quem aparece no visor...Vodafone! Só mesmo para chatear um homem.
A mim têm muitas vezes o condão de me irritar. Ou porque se avariam constantemente, por perderem rapidamente bateria nos dias em que é mesmo preciso ter bateria ou porque têm dificuldades em apanhar rede, por insistirem em cair e estatelarem-se nas pedras da calçada e partirem o vidro do visor, enfim...é só escolher!
De resto, quem me conhece sabe que não gosto mesmo de falar ao telemóvel. Falar com alguém a quem não vemos as suas reacções é o mesmo que jogar futebol sem bola. Já quanto às SMS confesso, gosto mesmo. Mas insisto em continuar a escrever sem "k", "x", smiles e o raio que o parta!
A mim a agenda dá jeito, a calculadora é usada quando me faltam os dedos para fazer contas (...), usar a internet só se fosse um ganda Toni!, as videochamadas nem me lembro que existem, tirar fotos só mesmo se for para mandar vir com a fraca resolução e por fim ficam os alarmes. Chamem-me tudo o que quiserem mas nomeei os alarmes, alguns com ternura. Por isso acordo normalmente ao som da "Catarina Furtado", num dia mais sonolento sou acordado à força pela força da "Alexandra Lencastre" e naquelas manhãs alegres acordo com sons alegres da fresca e fofa "Sónia Araújo".
Quando não vos atender já sabem. Não é que não vos queira ouvir mas eu e ele não somos propriamente íntimos. Nesse caso mandem mensagem, é mais seguro.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Os adjectivos da moda

Enxovalhado, amachucado, amesquinhado, triste, farto, inseguro, burro, confuso, paranóico, dividido, rancoroso, amargurado, zangado, sozinho, acabrunhado, refilão, distante, incapaz, fraco, vulgar, estranho, desnecessário, negro, desinteressante, escuro, menor, vazio, inútil, vago, imperfeito, silencioso, furioso, curto, lento, frágil, cruel, sombrio, solitário, invisível, ridículo, sujo, mínimo, ausente, absurdo, inquieto, seco, fraco, miserável, hesitante, insignificante, espesso, amargo, tenso, pôdre, melancólico, pequenino, impotente, perturbado, deprimido, inacessível, instável.

A tua falta

Sinto saudades tuas, a todo o momento me recordo de ti. Das coisas boas, das más e das que ficaram por decidir. Mas não te digo, não posso. É melhor assim, para o bem de ambos. Foi essa a combinação.
A verdade é que não consigo mais procurar o amparo e compreensão em outras pessoas que não me podem dar o que tu me davas, aquele prazer total e sem barreiras. Farto de sentir a solidão ainda que esteja no meio de uma multidão ou junto de amigos que me querem bem. Farto de adiar a minha vida, viver de incertezas que invadem a minha única certeza absoluta e ter que esperar que a felicidade me toque à porta.
Mesmo que nunca o venhas a saber por mim espero que encontres a paz que procuras. Por aqui continuo a achar-te em cada esplanada onde estive contigo, quando ouço palavras do jeito que só tu dizias, quando vivo momentos que gostava de partilhar apenas contigo, quando me recordo das tuas mãos nas minhas, de músicas só minhas que nunca chegaram a ser nossas mas onde estás espelhada, daquilo que nunca nos tornámos mas deixámos escapar promessas de vir a ser.
Enquanto trouxer comigo o teu sorriso e não me esquecer da tua voz doce cá vou esperando dias melhores. No fundo eu só penso em ti, não há um dia que tu não estejas em mim.
Enfim, hoje é só um dia e vai voltar amanhã. E eu vou dizer que a noite é mais quente à luz do teu olhar.

quinta-feira, agosto 16, 2007

O talento de Shakespeare

Traidoras são as dúvidas que nos fazem perder o que poderíamos ganhar pelo simples medo de arriscar. Quem o disse não fui eu, foi o senhor William Shakespeare. E quem sabe, sabe.

O Enxovalhado voltou, mas voltou assim...

Chama-se bloqueio de escritor. O que vale é que tem tendência a passar.