terça-feira, abril 10, 2007

Recortes de jornal


Ultimamente só tenho feito amor com máquinas. É com o computador e o telemóvel que tenho contactos mais íntimos. Trocas de toques e de sorrisos, carícias trocadas em jeito de segredos não revelados.


Na cabeça só o eterno som do vento e das folhas, como um frio e chuvoso dia de Outono em que, sós na estrada, nos sentamos vazios e choramos com a chuva. E assim desejamos permanecer para sempre, imóveis, cansados, desistentes. Mas como só é vencido quem desiste de lutar resisti. Resisti a ser uma marioneta de trapos e cavei o meu próprio destino.

Ensinei a velhos que a morte não chega com a velhice mas com o esquecimento. Aprendi que um homem só tem direito a olhar de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. Eu olhei e vi que estamos tão longe como alguma vez poderemos estar. Juro que se me ligares hoje não atendo. Mesmo que me apeteças.

Emigrei. De mim próprio. E soube bem.

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