segunda-feira, abril 02, 2007

O tempo das coisas

'Um ano. Um ano cheio de fins, em que todos os dias te esqueço. Um ano cansado de ouvidos e de dedos à escuta, na mira de um suspiro teu, de um relance foragido, de um sopro. Um ano repleto de palavras minhas e parco em palavras tuas, de memórias e de brumas, como fantasmas de piratas no nevoeiro sem rumo. Um ano de um querer solitário e a noção risível de quão patético é o amor de um lado só. Inevitável, avassalador, por cumprir, no seu silêncio ensurdecedor. Sempre a fingir que não é nada, que não foi nada. Caíram entretanto muitos factos sobre mim, coisas, chatices, conteúdos programáticos...encheram-me até cima, até ao meu último fio de cabelo ficar com a agenda preenchida. Não adiantou. Um ano, dois anos, dez anos e nunca deixarei de pensar em ti, de te querer e de fazer caber um bom bocado de ti em mim. Mas não te digo, nem pensar. Não suportaria que me olhasses com a estranheza e perplexidade dos indiferentes, como se olha um maluco desdentado que nos pedincha um cigarro na rua.'

encontrado no Expresso e posteriormente reencontrado em www.umamoratrevido.blogspot.com

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