WC, a zona de todos os perigos

Não sei se partilham comigo o mesmo problema mas sempre que tenho de entrar numa casa de banho pública um certo sentimento de pânico, terror e nojo invade-me. É que mal passo da porta com o desenho do puto a mijar para um bacio já sei que pode ser a última coisa que faço na vida. Para mim casas de banho públicas só mesmo em último recurso...e sempre em posições de pé, nunca agachar! Isso aí é que é mesmo um risco altíssimo!!!
É que um tipo entra nessas casas de banho e começa por fazer o jogo dos urinóis. Primeiro vemos se já há urinóis ocupados e se houver temos de escolher aqueles que nos permitam ficar com pelo menos um de distância para os nossos companheiros de ocasião. Se não pudermos estar nestas condições há que escolher todos menos os urinóis vizinhos dos velhos (quando nós chegamos já lá estão, quando acabarmos de lavar as mãos é provável que ainda lá estejam e este tempo todo ficam a olhar para o abono de família da malta) ou de pretos com ar de segurança de discoteca (por razões genéticas, nem preciso esclarecer o resto...). Se houver vários urinóis livres há que verificar quais os que cheiram menos mal e fundamentalmente os que têm menos pintelhos nas bordas. Se não poderíamos sempre recorrer às sanitas mas essas estão atoladas de merda e com papel higiénico completamente castanho até acima, para além de cheirarem a qualquer coisa semelhante a um cadáver morto há 2 meses.
Quando finalmente conseguimos o nosso lugar há que ser rápido e objectivo. O que há a fazer é contar o número de azulejos à nossa frente, nunca olhar para os lados, concentrar-nos no que nos levou ali e cavar de lá o mais rápido possível porque todo o tempo que estamos numa casa de banho pública estamos expostos a todos os perigos (doenças, velhos a fazer a barba no lavatório, melgas no tecto do tamanho de uma maçã...). Quando damos por nós estamos a ver as inscrições na parede "Benfica 5 - E.Amadora 0", "Tomané cagou aqui", "Gervásio ama Salema" ou o famoso "Tudo é relativo. O tempo que dura um minuto depende do lado da porta da casa de banho onde estás". É porém nesta altura que somos acordados por um som que vem da zona das sanitas que nos lembra um balão a esvaziar-se e reparamos que estamos mesmo em cima de uma gigantesca poça de mijo alaranjado...lixados, pensamos que só nos acontece a nós mas depois vemos que essa poça vai desde o nosso urinol até aos restantes, estendendo-se até aos lavatórios e porta de saída por isso não há crise!
Chegados ao lavatório com os ténis e a a parte de baixo das calças todas molhadas é só passar as mãos por água para tentar o impossível (matar os germes, impedir que apanhemos micoses, hepatites e afins...) e depois ou se rouba papel higiénico numa das sanitas (o que exige um esforço sobrehumano dado o cheirete...) ou ficamos 14m35s a secar as mãos no secador ou limpamos as mãos às toalhas que geralmente mais cagadas que o pano cheio de óleo que anda sempre comigo no carro...
É nesta altura que limpo as mãos às calças e dou por mim feliz por ter sobrevivido a mais uma casa de banho pública.