Família feliz

Era uma vez uma família feliz. Disfuncional, mas feliz.
Por um lado havia o mágico metrosexual (autêntico Houdini na cozinha, fazia desaparecer graínhas nos tomates que nem rins e corações humanos desaparecem em caves de lojas dos chineses), homem cuja habilidade para se tornar marceneiro do IKEA é já mítica, espalhando classe e derretendo corações com a sua voz de Tony Bennett. Consta que pretende acabar a sua vida disfarçado de romeno a vender pensos nos semáforos das ruas de Lisboa para matar os seus vícios, ver jogos do Glorioso e comprar perucas do Bon Jovi que veste no wc enquanto canta 'Bed of Roses' e põe a roupa por lavar na máquina.

E é assim que tomamos conhecimento do segundo elemento da família feliz, a estrela da tv, a Cláudia Schiffer do David Copperfield acima citado. Intelectual, Maria Gabriela portuguesa como lhe chamam na 5 de Outubro, qual monge copista não prescinde dos óculos cujas lentes lhe dão o poder sobrenatural de observar Júpiter e Marte desde Moscavide. Miss Magoo destaca-se pela sua brilhante capacidade de ser um verdadeiro desbloqueador de conversas humano. Roubem-lhe o seu lugar no sofá ou não a deixem ver a Sic Mulher e o vosso destino está traçado, serão trocidados por esta mulher de Mem Martins, a primeira a fundar uma arte marcial em pleno assalto de putos de 14 anos.

Vinda da terra das cerejas existe ainda o bichinho carpinteiro irritadiço, a pilhas Duracell. Nascida e criada em Silvares, vila de onde vieram génios como Beto Chinquilho ou Cipriano o Acordionista, a filha de Richard Gere e Rainha Dona Amélia sempre se destacou das demais crianças. Com 7 anos já servia shots no Mundo's (o mais destacado bar a este de Las Vegas) e aos 11 ensinava a graúdos o que são "muppies" e que buchas grandes são mais que suficientes para pregos com 9mm de cabeça. Desde que cortou o calcanhar perdeu as esperanças de ser modelo de passerelle visto que coxeia mais que o Mantorras num dia húmido. Contudo, Aquiles irá dar a volta à situação como sempre faz. Pelo menos desde que haja Super Bock na casa da família feliz!

Tudo isto num prédio cuja iluminação lembra a Baixa Pombalina em vésperas de Natal tal a harmonia de cores, cujo coeficiente de luxo de 1.80 é explicado não só pelo facto de se ouvir o concerto de Tony Carreira ao vivo no Olympia de Paris ininterruptamente, como ainda pelo facto de se ver a bola à borla ao domingo e pela simpatia (cusquice?!?!...naaaaa...) sempre presente das vizinhas cuja capitã Inácia faz questão de manter a chama viva (algo a que 70% dos habitantes do prédio já não pode aspirar...).

Era uma vez uma família feliz. E eu gosto de lá estar com eles para relatar esta felicidade.