quarta-feira, setembro 26, 2007

Marionetas de trapo


Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse um pouco mais de vida, não diria tudo o que penso mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco e sonharia mais, porque entendo que em cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros páram, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria um bom gelado de chocolate!

Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Pessoa e uma canção de Pavarotti seria a serenata que eu ofereceria à lua! Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida não deixaria passar um só instante sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor.

Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança dar-lhe-ia asas mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice mas com o esquecimento. Tantas foram as coisas que aprendi com todos vocês! Aprendi que toda a gente quer viver em cima da montanha sem saber que a verdadeira felicidade está em subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão pela primeira vez o dedo do seu pai o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me irão servir realmente de muito porque, quando me guardarem dentro desse caixão, estarei a morrer...mas orgulhoso por ter sido quem fui.

1 Enxovalhanços:

Anonymous Anónimo enxovalhou...

Ma nada!!!! Temos q viver, e saber Viver...beijos Catarina Guerra

quarta-feira, setembro 26, 2007 11:15:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home